quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Saudação à Musa

Marcelo Mário de Melo

Bom dia começa agora
quando falo com a Musa
que trás com ela a poesia
me acende e me lambuza
convocando mil estrelas
e anjinhos de cara suja.

Me lambuza de alegria
de poesia verdadeira.
Me faz voar pelos ares
sonhar e pensar besteira
só querendo que esta festa
continue a vinda inteira.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A História do Poeta que Sonhava Ser Bancário

Marcelo Mário de Melo

Desde menino eu sonhava
em crescer e ser bancário.
Mas por uma coisa ou outra
mudou meu itinerário:
em camelô e poeta
terminou o meu fadário.
Terminou não é bem certo
a merda voltou prô ânus
pois só levando carreira
perdendo pentes e panos
se tornou um Krause sério
viver de perdas e danos.
O comércio de ambulante
de livre circulação
foi proibido nas ruas
onde há loja de barão.
Camelô virou feirante
ficou pregado no chão.
Eu sendo também poeta
e vendo esse desatino
sofri que nem assum preto
na cegueira do destino.
E comecei a voltar
pro meu sonho de menino.
Só pensava em ser bancário
não sofrer perseguição
trabalhar bem arrumado
ter dinheiro e posição:i
gualzinho àquele anúncio
que sai na televisão.
Sendo bancário eu pensava
alegrar minha poesia
porque toda profissão
que observado eu havia
só rimava com tristeza
com sofrimento e azia.
O poeta adormeceu
com estas coisas na mente
mas sonhou com São Tomé
que lhe disse impertinente
dando um chute numa cabra
rasgando um cheque no dente:
"- Bebe este mel que invisível
vais ficar por muitos dias.
Percorre todos os bancos
conferindo as fantasias.
Só quem mede e pesa tudo
anda seguro nas vias"
Quando acordou vendo um pote
de mel na palma da mão
o poeta bebeu tudo
sentindo a transformação:
enquanto ele via tudo
ninguém lhe tinha visão.
Logo depois de invisível
no BRADESCO ele entrou.
Olhou a moça sorrindo
mas o sangue lhe gelou:
pois pisaram no pé dela
e ela nem se alterou.
Nesse banco é proibido
o sorriso desgrudar.
Também a funcionária
não tem direito a sentar.
E se sair um pouquinho
o chefe vem reclamar.
Passando pelo banheiro
das moças não resistiu:
-Aqui se sabe das coisas.
O santo é que sugeriu.
Vou ouvir coisa que homem
nenhum nesse mundo ouviu!
-Aparência é o principal
dizem chefete e chefinha.
Por isso pra comprar farda
deixei de usar calcinha:
se quiser fugir da cabra
vou ter de andar na linha.
-Eu por mim já não agüento
parir pela quarta vez
pra segurar o emprego
no tempo da gravidez.
E meu marido bancário
ta broxando há mais de um mês.
Mas se o menino nascer
e da cabra eu me livrar
será um Deus nos acuda:
não vou ter com quem deixar
pois creche por minha conta
jamais vou poder pagar.
-
Essa cabra tão falada
merece um noticiário.
Quando pinta demisão
no ambiente bancário
se diz chegou a cabra:
a maior cruz do rosário.
No banheiro masculino
seguia a mesma toada:
os bancários de gravata
e de camisa engomada
sem poder comprar cueca
tudo de bunda pelada.
Um atendente a um caixa
chorava de fazer dó:
- ontem tive um contratempo
terrível com meu xodó.
Fomos juntos pro motel
e a piroca deu um nó.
É que quando tava armado
com toda disposição
ela feito melancia
querendo comer facão
uma cabra deu um berro
e baixou minha tesão.
E o pior é que ela
não é bancária é machista
não sabe nada de cabra
me mandou pegar a pista
e disse que nunca mais
um bancário lhe conquista.
Disse um gay novo e charmoso:
- A coisa ta empulhada.
Tesão aqui pra bancário
tá de conta bloqueada.
Quem pode transar em paz
com a cabeça agoniada?
O problema não é teu.
É coisa muito geral.
É de homem de mulher
de gay de bissexual:
a opressão dos banqueiros
está na base do mal.
Pegando essa amostra grátis
logo no primeiro banco
se fosse outro sujeito
perdia logo o arranco.
Mas o poeta insistiu:
- no começo eu não estanco!
E saiu fazendo a ronda
de agência por agência
por toda sala e setor
de vigilância a gerência.
E em toda parte encontrava
exploração e inclemência.
Grande sessão de humor negro
no "bom" AMIGO NA PRAÇA
pois ali bancário antigo
sofre demissão em massa
enquanto o chefete puxa
e o banqueiro acha graça.
No MERCANTIL DE SÃO PAULO
"Alto Padrão de Serviço"
férias só de vinte dias
o restante tem sumiço
trava em relógio de ponto
- e o povo nem sabe disso.
Naquele do guarda-chuva
é festival de maldade:
não se recebe hora-extra
nem a produtividade.
Mas no plim-plim da TV
Ái meu Deus quanta bondade!
O LONDON BANK produz
novos judas brasileiros:
bancários pressionados
a entregar companheiros
depondo nos tribunais
em defesa dos banqueiros.
No BB uma notícia
circulou no mictório:
- Em São Paulo foi formada
sala de interrogatório.
E um monte de inspetor
faz esse serviço inglório.
ECONÕMICO ITAÚ
COMIND APEPE UNIBANCO
BNB E BANORTE
SAFRA do mesmo tamanco:
todos pisando o bancário
sem das troco e dando tranco.
No mar de contravenção
abuso e coisa ilegal
um dia meio perdido
foi encontrado um fiscal.
Só que usava uns óculos
com armação mas sem grau.
- A receita é do oculista
de lá da DRT.
Por isso que a gente olha
olha de novo e não vê.
E não posso acreditar
em nada que diz você.
Fiscal que não usa óculos
flagra e começa a multar
a coisa quem mais escuta
é banqueiro a gargalhar:
pois é melhor pagar multa
do que a lei respeitar.
Vendo assim que o bancário
andava em arame fino
e que beleza só havia
no seu sonho de menino
o poeta entrou em crise
só pensando em desatino.
Mas nesse momento exato
foi pegado pelo pé
pois olhando para ele
firme estava São Tomé
que disse: tirou a prova?
já sabe como é que é?
Agora entre na luta
passe do primeiro chute.
Vá pro lado do bancário.
Vá fortalecer a CUT:
Tem vaga para poeta.
Pegue a caneta e escute.
E se ouviram nas ruas
vozes a plenos pulmões
e mãos erguendo cartazes
denunciando opressões.
Os bancários defendiam
suas reivindicações:
- Melhor salário pra todos
e melhores condições!
- Pagamento de hora-extra
e fim das perseguições!
- Creches pra todas bancárias
e chega de demissões!
-Banqueiro calça 40
isto é fácil de notar.
Mas nós que somos bancários
vamos pensar sem parar:
se existe a bitola deles
a nossa vamos achar.
- A força de quem trabalha
de caneta e ferramenta
andando no rumo certo
a exploração arrebenta:
aprendendo a ABCD
a gente calça é 80!
- Esta é a nossa resposta.
É taxa é juro é cobrança.
É nossa conta conjunta.
É nosso saldo e poupança.
Quem vive nos esfolando
vai ter que mudar a dança.
O poeta corrigiu
seu sonho irreal mais belo.
E sobre o drama bancário
falei certo: eu não apelo.
Tudo que eu disse eu assino:
Marcelo Mário de Melo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Juíz e a Sentença Ante o Poder do Dinheiro

Marcelo Mário de Melo

[Esta é uma peça de ficção. Qualquer semelhança com fatos ou personagens reais será mera coincidência]

Sempre apitou as partidas
com rigor e devoção
atento a erros e faltas
impedimento e agressão
impondo o maior respeito
durante a sua função.

Era juiz afamado
por sua seriedade
apitando mil partidas
em tudo que era cidade.
E por onde ele passava
reinava a seriedade.

Onde o mar era revolto
e a suspeita imperava
ele era convocado.
E logo quando chegava
a mão firme da justiça
ligeiro se afirmava.

Sem arrogância mas firme
sem bravata e com coragem
enquadrava os jogadores
enfrentava a cartolagem.
E assim cumprindo as regras
seguia na arbitragem.

Não aceitava conversa
com nenhum grupo fechado.
Rejeitava as igrejinhas.
Era muito reservado.
Mas falava e esclarecia
quando era convocado.

Em toda a sua carreira
era a imagem da lei
só zelando pelas regras
e sem agir feito rei.
Sobre a sua família
um pouco eu falarei.

Ele era filho único
de um casal estrangeiro
que migrou para o Brasil
sendo o pai sapateiro
amante do futebol
e torcedor verdadeiro.

Chegando em nosso país
não perdia uma partida
sempre alegre e presente
com a charanga bem suprida
cantando fazendo festa
e animando a torcida.

Nesse tempo as bolas eram
feitas de couro e à mão.
E não era qualquer um
que cumpria a missão
de conserta-las direito
sem gerar reclamação.

O pai do nosso juiz
ingressou nessa seara
abandonou os sapatos
e firme enfiou a cara
virando o mestre das bolas
sua profissão e tara.

O menino foi crescendo
jogando de sol a sol
enfronhado nas peladas
seguindo a luz do farol
sempre apitando partidas
nos jogos do futebol.

Foi aprendendo a apitar
com estilo bem seguro
decidindo com firmeza
nunca em cima do muro:
preto-preto branco-branco
claro-claro escuro-escuro.

Houve uma tentativa
de esse juiz subornar
com uma grande quantia
de qualquer um se abalar.
Mas uma firme resposta
ele deu sem vacilar.

Fez que entrava no jogo
e armou uma cilada.
Com câmara e gravador
documentou a cantada
e a turma da maladragem
terminou foi algemada.

“Meu ofício é ser juiz
sou pago para zelar
pelas regras da partida
em todo o desenrolar.
O caminho da minha vida
vai assim continuar”.

Esse seu procedimento
agradava à voz geral.
E muita gente pensava
como seria legal
se ele fosso juiz
da área judicial.

E foi então que o juiz
ouvindo o clamor do povo
se vestiu em novas folhas
saiu da casca do ovo
e começou a seguir
por esse caminho novo.

Fez o curso de direito
e saiu advogado.
Estudou para um concurso
fez um esforço danado
varou muitas madrugadas
e terminou magistrado.

Foi aprovado com glória
entre os primeiros lugares.
E logo que assumiu
se distinguiu entre os pares
por suas belas sentenças
que não tinham similares.

E continuou tranqüilo
seguindo o mesmo bordão:
“eu sou pago pelo povo
e dele tenho a função
de zelar pela justiça
sem manha nem proteção”

Como agente da justiça
agiu em muitos processos
com equilíbrio e finura
sem permitir retrocessos
calmo e sem se alterar
sem trique-triques e acesos.

Até que um dia chegou
nas funções judiciais
a ser juiz responsável
das questões eleitorais
- território preferido
das manchetes dos jornais.

Naquele tempo também
na guerra dos candidatos
entrar com ação na justiça
armar e montar boatos
era coisa habitual.
E disso existem mil fatos.

O caso que estou contanto
não quero deixar pendências
foi depois do Estado Novo
e suas acontecências
com travos de ditadura
marcando as reminiscências.

Pois numa certa eleição
para uma prefeitura
travou-se grande disputa
firmou-se a candidatura
de um candidato de esquerda
que foi contra a ditadura.

Ele tinha a preferência
pra ganhar de enxurrada
e só restava à direita
dar rasteira e dar jogada.
E uma ação judicial
foi assim articulada.

Uma promotora amiga
integrada nas elites
garantiu logo a denúncia
já certa em todos palpites.
E só faltava o juiz
para tudo ficar quites.

Ele era a grande barreira
pra fazer mais e melhor.
De modo que era preciso
com a receita de cor
rechear com muito ouro
tudo ao seu redor.

E dessa vez a riqueza
ao juiz estremeceu.
Renegando seu passado
as lições que o pai lhe deu
vendeu-se ao deus-dinheiro
manchando o antigo eu.

O juiz caiu na lama
com sua honra e sabença.
Expôs-se à corrupção
e contraiu a doença.
Quatro milhões em um cheque
foi o preço da sentença.

Contei uma história triste
e mais triste aconteceu.
Depois que assinou o termo
o juiz se arrependeu
jogou o cheque no fogo
tomou veneno e morreu.

Há mil perguntas no ar
para entender qual o elo
que fez o juiz ceder
vacilar no seu martelo.
Perguntam vocês e eu:
Marcelo Mário de Melo.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Borboletragens

Marcelo Mário de Melo

Nas palavragens aladas
há todo tipo de efeito.
Eu juntei abraço e beijo
escrevi de outro jeito
inventei o abraceijo
e vôo no novo conceito.

Pra localizar um doido
há um justo palavrar.
O Aurélio não registra
o verbo loucalizar.
Mas se a gente for usando
ele vai se incorporar.

Militante bem pirado
eu chamo de militonto
que um frade assimilou
sem me creditar um ponto.
Me disse um vereadoido
e o caso depois eu conto.

Ótima é o que gente diz
de uma coisa muito boa.
Ou então maravilhosa
se mais alto ela revoa.
Que seja maravilhótima
sem jogar conversa à toa.

“Parabéns para você”
é feito pão sem o queijo.
É se andar para trás
imitando caranguejo.
Renove sua mensagem
mandando um parabeijo.

Um teórico muito culto
escapou de um atentado
e morreu de modo nobre
muito mais apropriado:
levou um choque de idéias
e foi eletrocultado.

Tem que ter o nome certo
um pequeno município.
Por sem bem pequenininho
não pode ser megacípio.
Portando o justo batismo
com certeza é minicípio.

O minimalismo agora
na política faz plantão.
Tudo fica reduzido.
Só se pensa em eleição.
Se redige minifesto.
Se faz minifestação.

Burolico ou milicrata
esta é a condição
do combatente armado
que multiplica a ação
mas age pela rotina
e a dogmatização.

O N de O.N.G
Sofreu mudanças demais.
Ontem era não-governo.
Hoje tem governo atrás.
Muitas das ONGs
são neogovernamentais.

Distanciápolis é morada
de gente que vive alheia
desligada das pessoas
enredada em sua teia
que pega a fotografia
e não olha a lua cheia.

Ser normal é um estado
que dá muita discussão.
Saber o que é errado.
Dizer o que está são.
É um padecente normóide
quem pega essa encucação.

Masculino sem machismo
é a proposta exemplar
que agora o masculinismo
vai forjando ao afirmar
que somos todos iguais
sempre e em primeiro lugar

Dar parabéns/bater palmas
coisas que não têm poréns:
são diretas e exatas
ativas sem vai-e-vens.
E quando vêm os dois juntos
só podem ser palmabéns.

O mentiroso de ofício
não se cansa de mentir.
viciado no seu rumo
não deixa a bola cair:
quando admite a mentira
o que faz é admentir.

Pessoas impertinentes
cheias de fel e amarguras
botam gosto ruim nas coisas
presentes e até futuras.
De fato não são pessoas:
elas são cricriaturas.

Um burro não elabora:
só estraga e faz borrão.
Mas tem burro bem teimoso
que insiste na intenção:
quando se dana a criar
só faz elaburração.

Meditar é coisa antiga
e gerou muita invenção
Há meditante budista.
Há os sem-religião.
Um monge que foi pro mal
crou a malditação.

Engrassádico também
é outra palavra nova
que mistura água e vinho
junta sorriso com sova
dá parabéns à viúva
cospe na beira da cova.

Em praia de tubarão
o risco é sem tamanho.
Quem quiser cair na água
tem que pesar perda e ganho
pois em vez do banho de mar
pode ter um tubabanho.

Tem professora safada
agindo de peito aberto
puxando papo indecente
com quem estiver por perto.
Docente não: indocente.
É este o seu nome certo.

Ela é bem pequenininha
a mascote do salão.
Cuida direito das unhas
de criança e ancião
No tamanho é minicure
mas grande na profissão.

Juiz que vende sentença
faz corpo mole em processo
dá liberdade a bandido
inocenta réu confesso
na verdade é um maugistrado
e no crime deu ingresso.

Professor enganador
que falta e chega atrasado
não exige nem ajuda
nem dá bem o seu recado
exercita o maugistério
e é um degenerado.

Atendia no balcão
e cuidava de dinheiro.
Funcionário da Caixa
seguia o seu roteiro.
Por tomar muita cachaça
se dizia um caixaceiro.

Libidinagem na Igreja
rola no altar e na pia
e os jornais dão notícia
quase todo santo dia.
Tem padre atrás de criança
pra fazer padrofilia.

Uma mulher molhadinha
e morrendo de ciúme
é um caso perigoso
sinal de alerta no cume.
Ante a amante ciúmida
dê um jeito e se aprume.

Uma moça extrovertida
de alegria transbordante
muito gostosa e carnuda
com a retaguarda abundante
digo sem medo de errar
que ela é transbundante.

Uma mulher muito magra
seios pequenos durinhos
bem espetados na blusa
aflorando nos caminhos
de fato não possui peitos:
ela tem dois espeitinhos.

A prestação de serviços
avança sem restrição
chegando às coisas do sexo
segundo um ilustre varão
que à masturbação que paga
chama remunereção.

A língua é muito importante
em tudo o que é e viagem.
E nas trelas da tesão
vai em tudo o que é paragem.
Lambida libidinosa
se chama lambidinagem.

Homem/mulher/ homo/ bi
precisam ser bem tratados
com os termos que expressem
o real dos seus estados:
masculino femino
e os homoderivados.

Pessoas que curtem bunda
sem vacilos e sem medos
por carta e por e-mail
comungam anais segredos
fazendo currespondência
- o nome sem arremedos.

Procologistas em roda
comentam sem artifício
sobre um fiofó ou outro
atentos a todo indício.
Eles fazem cumentários
das coisas do seu ofício.

Sopradinhas caprichosas
na famosa coisa preta
trouxeram técnica de cama
unindo bico e buceta
e dando assunto a um livro
que trata da bicoleta.

E colaborando ainda
na renovação da prosa
à moça farta de busto
no decote generosa
você pode bem dizer
que ela é apeititosa.

Ninguém sente sem pensar.
Ninguém pensa sem sentir.
Pensamento e sentimento
se unem no ir e vir.
Por isso eu acho mais certo
se falar em pensentir.

Comecei a escrever com
linha bem definida
falando de coisa boa
ou catucando a ferida.
Trilhando a literatura
eu faço literavida.

Tudo é tema de poesia.
Tudo é sim e tudo é não.
Não há nada proibido.
O que vale é a construção.
A polírica está presente
e tem sua dimensão.

O lirismo se renova
do trágico ao satírico.
Poeta materialista
seja telúrico ou onírico
quando dança com as musas
é um materialírico.

A pixação de parede
cansou na forma e no tema.
Por isso já enjoado
procurei mudar o lema
dei um toque de poesia
e inventei o pixema.

São estalos de cabeça
que a gente vai sol-letrando
criando novas palavras
a linguagem renovando
voando em borboletragens
com as verbosias brincando.

Sol letrar é letrar sol
arcoirizar estrela
voejar e caminhar
com andorinha e camela
dar um close no projétil
pegar a luz e bebê-la.

Borboletrar e soltar-se
voar nas imensidões
tirar letras de depósitos
cercas amarras prisões
faze-las voar bem livres
lá nas quartas dimensões.

Vou borboletrando a vida
fazendo marceletragens
mariometricas linhas
melopoéticas viagens.
E o calor das minhas crias
vai aqui nestas aragens.

Pressão 13 x 40

Marcelo Mário de Melo

Pressão 13 por 40
foi o mal da aliança.
Pegou Jarbas pelo pé
Mendoncinha pela pança
com anemia de votos
pra completar a lambança.

Foram todos pra UTI
ali na Restauração
com Mendoncinha no soro
e Jarbas na transfusão.
Um vermelho outro amarelo
e sem ter respiração.

Com febre de 80 graus
Lavareda transtornado
gritava pra Mendoncinha:
“não fique desesperado
porque no terceiro turno
a gente acerta o traçado”.

Agora no ninho de cobras
é A acusando B.
Um diz que o outro é culpado
O outro diz: “é você!”
É tanto grito e gemido
que não dá pra descrever.

Mendoncinha Mendonção
Sergio Guerra e Maciel
sob a regência de Jarbas
cumpriram um triste papel.
E Lavareda que explique
o porquê do beleléu.

O povo está satisfeito.
Acabou o lero-lero.
Com João Paulo e Eduardo
e Lula – está como eu quero.
E mudanças pra melhor
é somente o que eu espero.

Porquê | porque | por quê | por que - Vamos Aprender a Usar

Marcelo Mário de Melo

A Cidade dos Porquês
tem rua e tem beco estreito
tem viaduto tem ponte
tem carroça e carro-leito
tem sinal de proibido
e manha de todo jeito

Quem quiser andar por ela
sem erro e sem embaraço
vai precisar conhecê-la
em todo seu amplo espaço.
Nas subidas e descidas
e pedaço por pedaço.

E dessa cidade agora
vamos falar com firmeza
esclarecendo as questões
pondo os problemas na mesa.
Que a musa Dona Escrita
me ajude na proeza.

A gente lê uma história
Porque gosta da leitura.
O leitor mais rigoroso
quer o Porquê da feitura:
Foi publicado Por quê?
Por que é literatura?

São muitos Por muitos Que
unidos e separados
perguntando e afirmando
sem acento e acentuados
deixando até professores
inseguros e enrolados.

Foi vendo a confusão
entre adulto e criança
pessoas pouco letradas
gente de muita letrança
que eu decidi também
participar dessa dança.

Já vi tanta explicação
escrita sobre este tema
que achei melhor conversar
sob a forma de poema
com José e e Ivanildo
com Maria e Iracema.

No início da conversa
em quatro formas se vê
o porquezar de um texto
que se escreve ou que se lê.
E cada uma das quatro
vou explicar a você.

Por e Que agarradinhos
um casal de namorados
de mãos dadas pela rua
passeando bem grudados
têm sua função na frase
nos momentos adequados.

Mas eles dois separados
caminhando nas calçadas
têm um papel diferente
dos que andam de mãos dadas.
Quem não vê a diferença
pode entrar em trapalhadas.

Separados ou emendados
Por e Que olhando o céu
podem cobrir a cabeça
ou mesmo deixá-la ao léu:
o acento circunflexo
vale aqui como chapéu.

Geralmente na pergunta
Por e Que vêm separados.
E quando a gente afirma
os dois ficam emendados.
Na maioria dos casos
eles assim são usados.

Por que foi que você foi?
- perguntou o pai zangado.
Fui Porque me deu vontade
- disse o menino virado.
Nestes exemplos se vê
o caso bem demonstrado.

Mas há também um Por que
separado e afirmativo
quando a gente está tratando
de razão causa ou motivo.
Esse caso especial
agora eu passo no crivo.

Se a expressão por que
trocada por pela qual
couber direito na frase
mantendo o sentido igual
manda escrever separado
a regra gramatical.

Esse Por Que separado
e firme no afirmativo
é usado neste caso
aprenda em definitivo:
é quando o que tem função
de pronome relativo.

A razão Por que se faz
repito mais explicado:
valendo por pela qual
escreve-se separado
pois pronome relativo
não gosta de agarrado.

Há outro caso exigente
para quem escreve e lê.
Vale em pergunta e resposta
para mim para você.
E quem prestar atenção
vai entender o Porquê.

Você acabou de ler
o Por e o Que emendados
e além disso também
muito bem acentuados.
Os porquês desta questão
vamos deixar aclarados.

Eu quero saber a causa.
quero entender o porquê
o porquê desta questão
me diga você que lê.
Tudo na vida se entende
através do seu porquê.

Nas frases ditas acima
eu procurei aguçar
sua sensibilidade
num caso do porquezar.
Dei voltas e repeti.
agora vou explicar.

Sempre quando o Por e o Que
juntam-se assim desse jeito
questionando os Porquês
do problema ou do conceito
são escritos emendados
e acentuados direito.

Você exige o motivo
ou quer saber da razão
ou precisa do porquê
sobre um assunto ou questão.
Tudo é a mesma coisa
só mudando a expressão

Nesse caso não vacile:
use o Porquê pegado
com acento circunflexo
pra completar o traçado
deixando correr a bola
bem tranqüila no gramado

Temos as nossas perguntas
temos os nossos porquês:
havendo este sentido
sem mas-mas e sem talvez
coloque o Porquê pegado
(e com acento) outra vez.

Mas use o porquê pegado
e sem acentuação
sempre que houver uma hipótese
dentro da interrogação:
“Não falou porque não viu?”
“Ou porque quis ser durão?”

Reveja bem este caso
que acabei e explicar
porque se não fizer isto
você vai se complicar.
Vai rever porque falei?
Ou porque quer avançar?

Há várias formas distintas
de se porquezar um texto.
E se usa cada uma
dependendo do contexto.
Eu expliquei direitinho
botando a tampa no cesto.

Agora cabe a você
desenrolar o traçado
tirando as travas da escrita
deixando o texto arrumado
porquezando pela vida
com acerto e confiado.

Me dando por satisfeito
Após tudo o que falei
Ressaltando com poesia
Como o Por e o Que têm lei
Espero ter ajudado
Leitor e aluno enrolado.
O assunto eu encerrei.

Mas me desculpem Porque
Ainda tem sobrenome
Ralando os Porquês da rima
Insistindo aqui em cima
Olhando o papel com fome.

Da razão Por Que insiste
Eu nem pergunto: Por Quê?

Me cansei de porquezar.
Entrego o caso a você.
Leia releia e descubra
O A o B e o C.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Jão Paulo Na Prefeitura pra Fazer Mais e Melhor

Marcelo Mário de Melo

Recife vota no avanço
e não dá ré na estrada.
Não quer voltar ao passado
com a mentira festejada.
Quer ação pra maioria
e a cidade bem pensada

João Paulo fez e fará
com equilíbrio e firmeza
vendo as coisas no conjunto
sensível para a pobreza
dialogando com todos
do camelô à empresa.

Ele vai continuar
cuidando desta cidade
sem esquentar a cabeça
sem baixaria e maldade
construindo e refazendo
com gosto e capacidade.

Recife já escolheu
o treze na sua estrada.
Vai reeleger João Paulo
e avisa à cadocada:
ganhar no primeiro turno
é nossa grande jogada.

Quem quer queda de barrreiras
o trânsito esculhambado
a morada em palafitas
e o povo desprezado
pode votar em Cadoca
que entende desse traçado.

O povo sempre perdia
e sempre ia pro fogo
entre o desprezo da elite
e a fala do demagogo.
João Paulo quando assumiu
mudou as regras do jogo.

João Paulo na Prefeitura
em quatro anos somente
mostrou do que é capaz
um governo diferente
que pensa na maioria
e nos anos mais à frente.

Quatro anos: uma criança
saudável de peito aberto
que precisa prosseguir
crescendo no rumo certo.
Sua família: o Recife
unido forte e liberto.

Mentira e baixaria
Atraso e mala sem alça
Recife já rejeitou.
Cadoca aqui se ferrou.
Ele é moeda falsa
Leite com água de pia
O paletó sem a calça.

Mantendo os laços com o povo
A Prefeitura atuou.
Recife exerce o direito
Indo pro dia do pleito
Olhando o que avançou.

Depois de muito penar
Em governos de castigo

Mudou muito o eleitor
Entendendo joio e trigo.
Luta agora por João Paulo
Onde o povo tem abrigo.

CONCLUSÃO FINAL

A aliança de lata
enferrujou muito cedo.
Feito cachorro lulu
late fino e não faz medo.
Na cozinha do palácio
ninguém disso faz segredo.

Quando ele bota a mão
serpente vira minhoca
o picolé se derrete
caralho vira pitoca.
Como é o nome dele?
O nome dele é Cadoca.